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23 de fev. de 2017

A Quermesse do Asilo

Durante muitos anos, nos meses de junho, o trenzinho da Quermesse do Asilo Padre Euclides, em sua bitola de sessenta centímetros levou o pessoal em passeios noturnos por entre os pomares e os campos antigos, ao lado do Cemitério da Saudade, onde hoje existe uma escola e vários outros prédios comerciais.
Mais do que uma volta pelo perímetro do terreno, a pequena locomotiva à diesel, com o seu farol único, um olho de Ciclope, propiciava um retorno à priscas eras com os cenários iluminados pela luz amarelada e baça e os resquícios dos tempos antigos.
Quem passava pela rua Flávio Uchoa e no entorno nessas noites festivas, podia observar o farol da locomotiva rompendo as trevas nas noites frias.
Por entre as falhas das cercas de madeira e dos muros de taipa os olhos curiosos e poéticos podiam divagar sobre aquela luz imersa na escuridão das eras.
Saborear os doces daquela época, todos feitos em tachos, sentir o calor da fogueira e embarcar para o passeio mágico eram ações que, ao terminarem, faziam com que se desejasse a mesma experiência a qual, certamente, ocorreria no ano seguinte.
O tempo passava mais devagar, os acontecimentos eram efêmeros, e vindo pelas tranquilos ondas longas de rádio, demoravam a trazer as notícias.
E quando elas chegavam, demoravam mais tempo para irem embora.
A vida corria de forma plácida e ninguém podia imaginar mudanças drásticas.
Mas essas mudanças ocorreram. Essas mudanças ocorrem.
De um certo ano para frente, o trenzinho não mais circulou.
Os indivíduos crescem, morrem, partem para outros lugares, e os interesses são outros.
Por muitos anos a pequena locomotiva e os seus vagões ficaram em um canto do terreno esperando naquela mesma fluência do tempo no passado.
Um dia removeram a linha férrea. Os vagões viraram sucata e a locomotiva enfeita o jardim.
Mas a Imaginação em cumplicidade com o Tempo ainda possibilita, na memória dos cidadãos mais velhos, as recordações desses momentos atemporais de encanto e poesia.
Quiçá atiçando na mente dos mais afoitos e faze-los ouvir, nas noites frias e silenciosas, o som do apito a ar e vislumbrar o espectro da luz do farol varrendo o topo das árvores e sendo observada por entre as falhas dos muros de taipa que ainda se encontram por lá.

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