7 de mar. de 2018
Noite a dentro - Cata Ossinhos (11)
Nessa data no Carnaval de 1976, eu e o meu amigo Luiz Roberto Liberatti (1955-2015) caminhamos pelas ruas da cidade, desde a noite até a madrugada.
Por entre as sombras das árvores era possível ouvir ao longe as marchinhas que faziam as vozes nesses dias carnavalescos.
Após o desfile na avenida, a noite recolheu-se em silêncio, e somente o badalar do relógio da igreja marcava o compasso das horas.
Uma lua nova, tímida, escondia-se no céu de oeste, e pouco antes da Hora Neutra uma chuva fina, fria, principiou a cair.
Nas calçadas molhadas as poças refletiam as poucas luzes que se deixavam mostrar.
Com o colete e os cabelos molhados caminhei mais um bom tempo ao lado do meu amigo.
Conversávamos sobre a vida, como ela podia ser vista e encarada com vinte anos de idade, e também sobre os poemas de Fernando Pessoa, os Secos & Molhados, Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd, Gentle Giant e o Barril de Amontillado de Poe, e do que pretendíamos para as nossas vidas, em muitos carnavais perdidos lá no Futuro.
Despedimo-nos em um dado momento da madrugada alta e, quando cheguei em casa, a Aurora lançava as primeiras luzes sobre os telhados molhados.
E estamos por aqui, no Futuro daquele momento do Passado, aguardando uma Revelação, aquela que será a maior de todas.
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