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23 de nov. de 2015

A Luz Se Apagou

Durante mais de trinta anos o Sr. A_ o pipoqueiro, manteve o seu pequeno comércio na grande praça pública dos Campos Eliseos.
Haviam duas características interessantes naquele local.
Primeiro, que a iluminação era proporcionada por um lampião a gás. Provavelmente o último, senão um dos últimos nessa vasta, suja e desordenada cidade na qual transformou-se Ribeirão Preto.

O outro detalhe era que o banco da praça no entorno do carrinho de pipoca, e mais alguns outros que o Sr. A_ dispunha por lá, serviam de assento para vários amigos que se reuniam no local, conversavam, esperando a passagem inexorável das horas e dos dias.
Os fregueses fluiam, no ritmo da vida que também flui e se esvai nas esquinas do Tempo.
Nos anos de muita amizade, de noites quente,  de noites frias, da Lua no céu, dos ventos e das chuvas em suas épocas, a luz a gás permanecia brilhando na pernumbra provocada pelas grandes árvores da praça, anunciando que o carrinho de pipocas, também com os seus doces, o quentão e as maçãs do amor estavam por lá.
Nesse baile constante das épocas, encerrando estações, começando outras, levando mais um ano no calendário, iniciando outro, a visão da pequena luz na noite era um farol que referendava os fregueses e também os amigos à procura de uma conversa mesmo que banal sobre as rotinas do dia.
E nesse processo todo um e outro deixou de frequentar o lugar, sob a aura da luz do lampião.
As notícias sobre os passamentos vinham, uma a uma, no gotejar incessante da existência nesse mundo.
O Tempo passa. Passou.
No afã do cotidiano muitas vezes nos afastamos de indivíduos e de locais, e é sempre com uma felicidade contida aquela que o reencontro possibilita.
Em uma noite ao trafegar pelas ruas do bairro, avistei ao longe a luz do lampião e os vultos dos amigos no entorno da luz do carrinho de pipoca.
Lamentei mais uma vez a impossibilidade de parar um pouco por lá, para, como se diz, um dedo de prosa.
O ares convulsionavam em chuva próxima e havia de minha parte alguma ansiedade em chegar à minha casa, antes do aguaceiro.
Alguns dias depois encontrei o Sr. A_ na rua, e comentei com o mesmo o fato de ter passado pela praça em determinada noite e não haver parado, mesmo percebendo que vários amigos lá se encontravam.
Com essa acertiva o Sr. A_ arguiu que deveria haver algum engado de minha parte.
Comentou o pipoqueiro que há muitos meses não estava mais frequentando o ponto da praça.
Estava agora com o seu pequeno comércio defronte à Igreja Santo Antonio.

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